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terça-feira, 18 de maio de 2010

Memorial de Astria Moura- parte I

O texto abaixo é o Memorial (ainda não corrigido, deve estar cheio de erros) que eu estou escrevendo pro outro concurso que eu vou prestar para faculdade de Farmácia da UFBA. Sim, eu vou insistir, até achar o meu lugar, que eu sei que está guardado. Como o texto é muito longo, pois trata-se de um relato pessoal-profissional de meus últimos 22 anos, vou dividir em duas partes. Eu pensei: um texto tão extenso pra ser lido só por 3 pessoas? Achei muito desperdício. Só fiquei com preguiça de colocar figurinhas, quando eu tiver mais tempo adiciono aqui. 
Espero que sirva de estímulo principalmente para quem está começando, ou até que está no meio do caminho e quer saber se só a sua história é cheia de altos e baixos. 
Eu olhando para trás, acho que realmente não tenho do que reclamar.


Meu interesse por Bioquímica se manifestou ainda no ensino Médio, quando eu comecei a aprender química e já havia tido disciplinas explicando os aspectos fisiológicos do corpo humano. Ao buscar um curso que se adequasse aos meus interesses encontrei na ex-ETFQ-RJ (Escola Técnica Federal de Química do Rio de Janeiro, atual IFRJ- Instituto Federal do Rio de Janeiro), o de Técnico em Alimentos. Durante esse curso reafirmei minha "vocação" bioquímica, e tive certeza de que era isso o que eu queria estudar, apesar de não saber o que eu iria fazer com esse tipo de estudo. Um professor de Tecnologia de Fermentações, disciplina do último semestre do curso de alimentos, me perguntou o que eu gostaria de cursar na graduação. Eu disse que estava pensando em Nutrição, pois seria o prosseguimento "natural" do curso de Alimentos. Então ele me esclareceu que na verdade o curso de Farmácia corresponderia mais às minhas expectativas, pois englobaria uma gama grande de químicas, muita bioquímica e disciplinas da área de Saúde. Assim eu busquei as grades curriculares de cada curso e realmente me convenci facilmente que Farmácia era a graduação que eu estava buscando. 
Nesse período comecei a fazer meu estágio obrigatório do curso técnico e fui selecionada para a EMBRAPA, no Centro de Tecnologia de Agroindústria de Alimentos (CTAA), localizado em Guaratiba, Rio de Janeiro, onde fui designada para os laboratórios de Controle Microbiológico de Alimentos (de prestação de serviços) e de Tecnologia de Fermentações (de pesquisa). 

Esse foi um dos períodos mais ricos em termos de aprendizado pelo qual passei durante minha formação profissional. Trabalhei realizando análise microbiológica de alimentos que eram enviados para a EMBRAPA das mais diferentes indústrias (Plus Vita, Sadia, etc), num serviço bastante técnico. Mas tive a oportunidade de ser introduzida no mundo da pesquisa ao participar daquela que vinha sendo desenvolvida no laboratório de Tecnologia das Fermentações: a produção de pectinases pelo fungo Aspergillus niger em substrato de sabugo de milho. Eu era responsável pelo cultivo do fungo, que era feito em farelo de trigo como fonte de carbono e enriquecido com minerais (sais contendo K, P, Na, S,N, etc), pelo preparo e acompanhamento do meio de fermentação em meio sólido, composto por sabugo de milho triturado como fonte de carbono e enriquecido com sais minerais. Havia uma gama de cepas de A. niger previamente selecionadas na EMBRAPA para essa finalidade, então nesse momento o projeto estava avaliando qual a cepa que apresentava maior rendimento de produção de extrato enzimático, que era utilizado na forma bruta, ou seja, um lavado do meio de fermentação. A atividade enzimática era avaliada através de viscometria, pois uma solução de pectina apresenta alta viscosidade e quando esse polissacarídeo é hidrolisado sob ação de pectinases, ocorre uma redução drástica da viscosidade. O objetivo final desse projeto era obter um método de produção de pectinase barato, que diminuiria o custo da própria enzima, que no Brasil, pelo menos há época, era importada a um alto custo pelas indústrias de cítricos, para uso na produção de sucos. O emprego da pectinase aumenta imensamente o rendimento de produção de suco e por isso é indispensável à indústria, que, ao usar a enzima importada, repassava o custo de produção ao produto final, encarecendo o suco.
Esse trabalho muito me estimulou, pois foi a primeira vez que tive acesso a pesquisa, o que por si só já era muito instigante, mas também porque era uma pesquisa de rápida aplicação, quando alcançado o seu objetivo. Assim começou a se definir a meu perfil de pesquisadora, que me acompanharia até hoje.
Concluído o curso técnico, me vi num dilema: trabalhar como técnica ou fazer faculdade? Acabei optando por engrenar logo no curso superior e me preparei no ano de 1992 para o vestibular. Estava decidida a cursar Farmácia e por isso só prestei vestibular para as duas universidades perto de onde eu morava que tinham esse curso: a UFRJ e UFF (Universidades Federais do Rio de Janeiro e Fluminense, respectivamente). Fui aprovada primeiramente na UFRJ, cujo vestibular ocorreu mais de um mês antes da UFF e logo me matriculei. 

Em março de 1993 iniciei o curso de Farmácia e ainda animada pela minha experiência da ETFQ, comecei a buscar estágio de iniciação científica (IC) nos laboratórios do centro onde fica localizada a faculdade de Farmácia da UFRJ: o Centro de Ciências da Saúde (CCS). O CCS àquela época contava, além dos departamentos da faculdade de Farmácia (Fármacos, Análises Clínicas e Alimentos), com o Instituto de Biofísica, de Microbiologia e de Ciências Biomédicas, do qual faziam parte os departamentos de Bioquímica Médica (DBqM, atualmente transformado em Instituto, IBqM), de Farmacologia, entre outros. 
Batendo de porta em porta, com se fora uma pedinte, busquei estágio em todos os laboratórios que tinham pessoas trabalhando dentro. E como se fora um vendedor de bíblias tive muitas negativas (e até portas na cara!), até chegar as possibilidades nos Institutos de Biofísica, Microbiologia e no DBqM. Finalmente já no mês de abril, quando estava muito frustrada com a demora em uma resposta definitiva de algum laboratório, fui admitida no laboratório de Termodinâmica de Proteínas e Estruturas Virais, chefiado pelo professor Jérson Lima da Silva, para ser aluna da doutoranda Débora Foguel.

Fiquei responsável por realizar a parte experimental de uma das linhas de pesquisa do projeto "Termodinâmica de Proteínas e Estruturas Virais", iniciado em 1988 que tinha como linha principal o Estudo da Alta Pressão Hidrostática sobre Proteínas e Estruturas Virais, com  financiamento do CNPq (PRONEx), PADCT e FINEP. Eu ganhei minha primeira bolsa de IC do CNPq. Várias linhas foram conduzidas com diversos estudos com proteínas e vírus, e a mim coube o estudo do efeito da alta pressão hidrostática sobre uma proteína monomérica modelo, a ribonuclease (RNase) T1, de Aspergillus oryzae, projeto que iniciei em abril de 1993. Era uma pesquisa básica, sem aplicação imediata, que me introduziu uma nova visão sobre os diferentes tipos de pesquisa e a sua importância no mundo da Ciência.
Tive então a oportunidade de me familiarizar com a técnica de alta pressão hidrostática e de espectroscopia de fluorescência, que era a forma que monitorávamos as alterações estruturais da proteína submetida a alta pressão. Em 1994 resolvemos ampliar esse estudo fazendo um estudo comparativo entre a RNase T1 e A (de pâncreas bovino) e também realizamos estudos de proteção da desnaturação protéica da RNase T1 por uréia por agentes osmólitos (mono e dissacarídeos e polióis). Os resultados desses estudos foram apresentados nos encontros anuais da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq) de 1994, 1995 e 1996, e posteriormente foi publicado num livro sobre pesquisa em alta pressão em Biociências e Biotecnologia (ver FERRÃO- GONZALES, A. D. e cols. Cold Dissociation and Denaturation of Biological Complexes Under pressure. In: Karel Heremans. (Org.). High Pressure research in the Biosciences and Biotechnology. Leuven- Bélgica: Leuven University Press, 1998, p. 95-98).
Durante os três anos da graduação (1993-1996) me dediquei a esse projeto, período em que minha orientadora se doutorou, foi aprovada como professora adjunta do DBqM (1994) e ganhou, junto ao professor Jerson um auxílio (CNPq/PADCT) para o projeto "Agregação de proteínas e doenças amiloidogênicas" (1995). Eu me via feliz com minha pesquisa, e sabia da importância desse estudo, mas sentia falta de "algo", como eu tive na EMBRAPA, ou seja, um estudo onde fosse possível enxergar alguma aplicabilidade, mesmo que distante, e que, de preferência, fosse algo voltado para a área de Saúde. Assim, como já estava perto de eu me formar, e já estava definido pra mim que eu queria seguir a carreira acadêmica, solicitei à minha orientadora que, para meu projeto de mestrado mudasse meu objeto de estudo, ao que ela prontamente atendeu. 
Em fevereiro de 1996, antes mesmo de eu me formar, participei da seleção do Mestrado em Ciências Biológicas (área Química Biológica) do DBqM e fui aprovada, sendo que só o iniciaria no meio do ano. Então, nesse período de fevereiro até julho, enquanto ainda estava na graduação aproveitaria para me familiarizar com meu novo tema: proteínas amiloidogênicas, e mais especificamente o peptídeo β-amilóide. Esse peptídeo seria utilizado em meu estudo e durante o decorrer do semestre ele estaria sendo sintetizado no laboratório da Escola Paulista de Medicina, do professor Luis Juliano Neto. Ganhei uma bolsa de estudos do CNPq e em agosto de 1996 oficialmente me tornei farmacêutica e mestranda do DBqM. Nesse período tive então para me auxiliar na conclusão do meu antigo projeto (com as RNases) o meu primeiro aluno de IC, o estudante de Farmácia Daniel Chiesse Zandonadi. Iniciei aí então a minha experiência como orientadora, que seguiria ao longo de toda minha carreira, pois é uma das minhas atribuições que muito me satisfaz profissionalmente.

No nosso programa de pós-graduação em Química Biológica do DBqM tínhamos como um das disciplinas obrigatórias a chamada então "Atividades Didáticas", o que nada mais era do que sermos responsáveis por uma turma de graduação em Saúde, durante um período, com uma carga horária de 70- 90h, o que a depender do curso representava um a dois meses de aula no semestre. Todo aluno de Mestrado era obrigado a cumprir uma vez essa disciplina e no doutorado, duas vezes, como parte de seus créditos na pós-graduação. Como já estava chegando o mês de agosto e meu peptídeo não havia ainda sido sintetizado, pois devido a sua alta hidrofobicidade era necessário um protocolo diferente do que era usado naquele laboratório, e por isso eles precisariam de mais tempo, resolvi começar meu mestrado dando aulas. A mim foi designada uma turma do curso de Enfermagem, com 40 alunos, e graças às muitas greves pelas quais passei na UFRJ durante a graduação, terminei o curso de Farmácia na última semana de julho e comecei dando minhas aulas pelo Mestrado na primeira semana de agosto de 1996. Essa foi minha primeira experiência didática oficial e foi justamente no primeiro dia de aula em que me dei conta que realmente queria seguir a carreira acadêmica: eu me senti completamente realizada dando aula. Já era apaixonada por pesquisa, agora apaixonada pelo ensino, então não me restaria outra alternativa senão seguir adiante naquilo que já havia decidido, sem nenhuma sombra de dúvida. Minha experiência didática foi tão revigorante tornei a dar aulas para o curso de Enfermagem, nos dois semestres de 1997, mesmo tendo cumprido com a obrigatoriedade do programa de pós-graduação ao qual eu pertencia.
Quanto ao meu projeto de mestrado, ao chegar no mês de outubro de 1996 sentimos que já estávamos esperando demais e que eu corria uma sério risco de ter meu trabalho prejudicado pelo atraso na entrega do peptídeo β-amilóide. Assim, adquirimos comercialmente em uma grande empresa de produtos biotecnológicos outra proteína amiloidogênica, já prevista para ser estudada em nosso laboratório, a transtirretina (TTR). Por sorte, a TTR se apresentou um excelente modelo, como pode se verificar posteriormente devido ao crescente número de publicações utilizando essa proteína para estudos de agregação protéica e amiloidoses. O trabalho que desenvolvi durante o mestrado, e que depois dei sequência no doutorado, consistiu em avaliar o efeito da alta pressão hidrostática na TTR, com o intuito de monitorar seus passos de desenovelamento e dessa forma tentar isolar, pelo efeito da pressão, o intermediário estrutural amiloidogênico, que parecia ser produzido pela acidificação do meio. Nós conseguimos então caracterizar esse intermediário e os resultados desse trabalho foram apresentados no Simpósio Nacional de Condensação de Proteínas em honra a Gregório Weber (1997), nas reuniões anuais da SBBq de 1997 e 1998, e no congresso internacional realizado na Itália "High Pressure in Molecular Sciences", em 1998. 
Mais uma vez, a seleção para o Doutorado em Química Biológica do DBqM aconteceu antes mesmo de eu terminar o Mestrado, em janeiro de 1998, e dela eu participei e fui aprovada, recebendo uma bolsa de estudos do CNPq, a ser contada a partir do início do meu doutorado. Em 4 de maio de 1998 defendi minha dissertação de mestrado intitulada "Estudo Estrutural da Transtirretina e de suas Propriedades Amiloidogênicas" e sendo aprovada e dando então imediatamente início ao meu doutorado. Como o projeto era uma sequência daquele iniciado no mestrado, não tive dificuldades para dar prosseguimento ao meu estudo. Só que finalmente, após uma longa espera, em meados de 1997 recebi o meu peptídeo β-amilóide e assim dei início, ainda no final do meu mestrado, aos estudos com esse modelo também, além de prosseguir com a TTR. Nesse período tive a contribuição de mais um aluno de IC, outro estudante de Farmácia  Sandro Souto Oquioni, já que meu antigo aluno resolvera seguir sua carreira de farmacêutico. Nesse momento optamos por purificar TTR de plasma humano, a fim de não dependermos mais de fontes comerciais. O processo de purificação era relativamente simples, mas tivemos alguns problemas ao tentar utilizar plasma humano vencido, pois esse apresentava-se com um alto grau de glicosilação das proteínas plasmáticas, incluindo a TTR, o que nos dava um rendimento muito baixo. Entramos então em contato com Jeffrey Kelly, que depois se tornaria um dos nossos melhores colaboradores, pois ele possuía a TTR clonada em E. coli, e não somente na sua forma selvagem (TTR WT, wild-type), mas também seus mais diferentes mutantes de ocorrência natural, implicados em amiloidoses mais severas causadas por TTR. Daí em diante tivemos muitos resultados interessantes, e durante meu doutorado, e após seu término, durante meu pós-doc no DBqM, tive mais 3 alunos de IC participando dos meus projetos (Aricéle Ferreira- graduação em Enfermagem, Leonardo de Castro Palmieri e Bruno Robbs-graduação em Biomedicina), sendo que dois deles  (Leonardo e Bruno) ainda fizeram suas monografias a partir de seu estágio de IC. Durante a pós esse período, meus projetos com proteínas amiloidogênicas me renderam minhas melhores publicações:

1- FERRÃO- GONZALES, A. D. e cols., The preaggregated state of an amyloidogenic protein: Hydrostatic pressure converts native transthyretin into the amyloidogenic state. PNAS, v. 97, n. 12, p. 6445-6450, 2000.

2- Foguel, D. e cols., Dissociation of amyloid fibrils of -synuclein and transthyretin by pressure reveals their reversible nature and the formation of water-excluded cavities. PNAS.  Estados Unidos, v. 100, n. 17, p. 9831-9836, 2003. 

3- FERRÃO- GONZALES, A. D. ; e cols. . Hydration and Packing are Crucial to Amyloidogenesis as Revealed by Pressure Studies on Transthyretin Variants that Either Protect or Worsen Amyloid Disease. Journal of Molecular Biology, Estados Unidos, v. 328, p. 963-974, 2003.
4- FERRÃO- GONZALES, A. D. e cols. Controlling -Amyloid Oligomerization by the Use of Naphthalene Sulfonates: TRAPPING LOW MOLECULAR WEIGHT OLIGOMERIC SPECIES. The Journal of Biological Chemistry, v. 280, p. 34747-34754, 2005).  

Também tive meus resultados apresentados em diversos congressos:

A) Nacionais:
1- Reuniões anual do SBBq de 1998 até 2003,
2-  IV Congresso de Biofísica do Cone Sul, 2000. 

B) Internacionais:
1- Biophysical Society, 2000 e 2001,
2- 42th Experimental Nuclear Resonance Conference, 2001, 
3- International Workshop on Spectroscopy for Biology, 2001, 
4- ISN-Rio Satellite Meeting, 2001. 

Além dos alunos de IC, também tive o prazer de orientar um aluno da Escola Técnica Juscelino Kubitschek, estudante do curso de técnico de laboratório, o que foi uma rara e gratificante experiência, visto que esse aluno acabou por definir sua carreira posteriormente (fez Ciências Biológicas), aos moldes do que ocorrera comigo, após esse estágio em nosso laboratório, participando do nosso projeto.
Também durante o doutorado tive mais uma vez a oportunidade de lecionar na UFRJ, sendo que, visto que eu já havia sido professora do curso de Enfermagem por três semestres seguidos, solicitei naquele momento dar aulas para meu curso, Farmácia, o que ocorreu em 1998 e foi muito gratificante. Nesse mesmo ano, no segundo semestre, encarei então o curso de Medicina, que por reunir os melhores alunos egressos no vestibular sempre desperta um certo temor nos estudantes de pós-graduação que tem que lecionar para esse curso. Felizmente, para mim pelo menos, os estudantes de Medicina não se mostraram muito diferentes dos outros que eu já havia tido, sendo apenas melhores preparados e as aulas corriam com maior fluidez. Mais uma vez reafirmei minha paixão pelo Ensino e só lamentei posteriormente não poder continuar dando aulas para graduação na UFRJ pois que nessa época aumento  muito o número de estudantes de pós-graduação e estavam dando prioridade àqueles que ainda não haviam cumprido seus créditos de "Atividades Didáticas", o que eu já havia feito há muito tempo atrás.
No ano de 2000 a FAPERJ lançou um edital de bolsas que foi chamado "Bolsista Nota Dez" e o DBqM ganhou uma bolsa. Então os alunos de doutorado foram convocados para uma seleção (qualquer um poderia se candidatar) e o que fosse colocado em primeiro lugar seria beneficiado pela bolsa. Concorri junto a meus colegas e ganhei essa bolsa, que foi substituída pela a que eu ganhava anteriormente do CNPq.
Finalmente, em 20 de dezembro de 2001 eu defendi minha tese de doutorado, intitulada: "Estudo de Amiloidoses segundo seus agentes patogênicos- Transtirretina e beta amilóide.". Em acordo com minha orientadora resolvemos que eu permaneceria com pós-doc em seu laboratório e teria uma bolsa vinculada a projeto para dar seqüência aos trabalhos que vinha conduzindo. Também iniciei uma colaboração com o professor Igor Polikarpov, da USP-São Carlos, que nos contactou a fim de realizar um estudo com receptores de hormônio da tireóide e de ácido retinóico (TR e RXR). 
Em julho de 2002 eu estava na USP de São Carlos, participando do curso Biologia Molecular Estrutural e Planejamento de Fármacos, organizado pelos professores dos Instituto de Física de São Carlos, Glaucius Oliva, Richard Garrat, Otavio Thiemann e Igor Polikarpov. Durante esse período estabeleci junto ao professor Polikarpov os pontos que iríamos estudar em seu projeto de receptores nucleares. E para minha surpresa, descobri que estava grávida de meu primeiro filho justamente durante esse curso. Pensei em até fazer um pós-doutorado junto ao professor Polikarpov, que tinha inclusive interesse nisso, mas a gravidez me fez querer ficar no Rio de Janeiro, junto à minha família. Porém, mesmo sem o pós-doutorado, mantivemos a nossa colaboração e assim tive oportunidade de passar alguns períodos em seu laboratório na USP, onde junto ao professor Vitor Hugo Moreau e o aluno de doutorado Rodrigo Portugal, implementamos o sistema de alta pressão hidrostática acoplado ao fluorímetro, para que lá em seu laboratório desenvolvesse as linhas de pesquisa utilizando-se dessa ferramenta. O trabalho que desenvolvemos em colaboração foi apresentado na reunião anual da SBBq e no XXVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Biofísica/V Congresso Ibero-Americano de Biofísica, no ano de 2003, e no International Workshop on Spectroscopy for Biology, 2004 e fez parte da tese de doutorado de Rodrigo Portugal. 

Um comentário:

  1. Existem dois tipos de galinhas. As que botam ovos para servirem de alimento e as que botam ovos para procriação. A diferença principal está no fato de que as galinhas para procriação são cobertas pelos galos, que não botam ovos mas nem por isso têm função diminuída na sociedade das galinhas. Os galos cobrem as galinhas e assim permitem que os seus ovos deem pintinhos. É importante lembrar que além de cobrirem as galinhas, os galos cantam pela manhã pra acordar o fazendeiro e também protegem o galinheiro de eventuais intrusos. Um galo que cobre as galinhas mas não canta nem protege o galinheiro não é um galo eficiente. Um galo que canta e não cobre as galinha tampouco. O galo eficiente deve cobrir as galinhas, cantar na hora certa pela manhã para acordar o fazendeiro e proteger o galinheiro. Comparar um galo eficiente com um galo que somente cobre as galinhas é o mesmo que comparar um professor que somente dá aulas com um outro que dá aulas, faz pesquisa e orienta alunos de pós-graduação com mesma qualidade e eficiência. Galos dão bons cozidos se feitos na panela de pressão; mas matar um galo que canta, cobre as galinhas e protege o galinheiro seria, no mínimo, uma idiotice.

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