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terça-feira, 17 de maio de 2011

Prepotência e a crise dos (quase) 40.



Prepotente adj. Muito poderoso ou influente. Opressor, despótico. (http://www.dicio.com.br/prepotente/)

prepotência s. f. 1. Poder superior. 2.Abuso do poder ou da autoridade; acto! despótico.
presunçoso (pre-sun-ço-soadj. Que tem opinião muito elevada de si mesmo; vaidoso, pretensioso. 
Que tem a marca da presunção. (http://www.dicionarioweb.com.br/presun%C3%A7oso.html).


Fui a sessões de psicoterapia por quase dois anos, a fim de tratar-me da minha dispnéia suspirosa (ver postagem mais antiga que explica isso melhor). E em minha auto-análise (afinal, é pra isso q a gente faz terapia, né?) disse ao meu psicólogo que achava que meus problemas de ansiedade eram em boa parte causados porque eu me julgava prepotente.  
Explico-me: pré significa "anterior", portanto na minha concepção, o prepotente é aquele que pensa que pode mais do que realmente pode.
Passaram-se  3 ou 4 anos (já nem me lembro direito) que parei de ir ao psicólogo e só agora resolvi olhar o significado formal dessa palavra. Em parte eu estava certa, mas acho que talvez devido ao peso do significado formal (opressor, déspota!), vi que na verdade acho que me enquadro mais em "presunçosa", apesar de também não me considerar vaidosa, assim como não me considero opressora.
O problema é que acho que sou ansiosa porque acho que posso resolver quase todos os problemas de todo mundo que me rodeia. E isso, obviamente, é irreal, qualquer bocó sabe disso. Mas o fato é que eu QUERIA poder resolver os problemas de todos aqueles que me rodeiam, e que por esse motivo, eu amo. E como eu não consigo, isso me gera uma sensação gigantesca de impotência, e daí eu pensar que sou prepotente.
Hoje (exatamente hoje) eu me sinto um tanto mais impotente, mas o problema não está nos outros, e sim em mim. Acho que pode ser um prenúncio da crise dos 40. (Não, ainda não faço 40 esse ano, mês que vem completo 39, mas já está perto, não e?). E de onde vem isso? Vem do próprio título desse blog: mãe, professora, doutora, mulher. Acho que estou sentindo (forte) o peso dessas atribuições...
Tá certo, alguém (talvez muitos) pode dizer que zilhões de pessoas no mundo estão e já estiveram na minha situação e não sofreram com isso. Também virão os amigos e dirão que outras tantas surtaram muitas e muitas vezes por isso, e que isso é perfeitamente normal. Mas o fato é que tem dias em que as coisas parecem mais pesadas do que o normal (e rapidamente alguém-de preferência homem-dirá que são os hormônios, TPM, etc) e hoje é um desses dias. E o  pior é que quando você começa a se sentir assim, logo fica pior porque sabe que muita gente está passando por problemas "de verdade" e que você não tem do que reclamar.
Mas ... PORRRAAAA! Se você cortar o dedo com uma folha de papel, o corte é RIDÍCULO, mas arde pra caramba, dói quando você esquece e joga perfume na mão, por exemplo. Seu dedo não vai cair nem gangrenar por isso, você não vai tirar licença médica por isso nem vai deixar de fazer nada no seu dia por conta disso, mas caramba, incomoda pra caramba até o corte fechar. Então me dá uns dois minutinhos? Me deixa falar um "ai" de vez em quando? Sabe, é pequeno, é ridículo, vai passar, não é nada demais, tem gente que nasceu sem braço e você reclamando disso, mas, poxa, tá doendo...
Hoje (hoje mesmo) as duas coisas dessas quatro que eu não estou me sentindo incompetente são mãe e professora, porque essas eu ainda acho que me garanto, até que me provem o contrário (o que eu espero sinceramente que não aconteça). Agora as duas últimas...
Acabei de vir do congresso anual da SBBq (Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular), da qual sou Membro Ordinário. Me senti bem ordinária mesmo. As coisas andam tão tão difíceis para mim que toda hora acho que devia jogar tudo pro alto e ficar só no meu papel de mãe e professora, porque a doutora está deixando muito a desejar. E isso gera uma frustração incomensurável...
Daí vem a questão mulher. E esposa. Amantíssima e amadíssima,diga-se de passagem (xô, olho gordo!). Mas sabe como é, quando isso ocorre (frustração), vem o ônus da enorme intimidade de um casal: acaba sobrando para quem não tem nada a ver com isso. O pior: para quem, pelo contrário, é pessoa que mais ajuda nessa parte profissional, pois trabalha comigo e mais da metade do que eu faço hoje só faço porque ele me ajuda, o super-marido. Então, nessas horas, é bom tomar cuidado para segurar o estresse e não descarregar em justo quem mais pode te apoiar. 
Mas, poxa, é na alegria e na tristeza, e no dedo cortado também, né? 
Enfim, na dificuldade de se expressar, vale voltar para a terapia. Mas o dinheiro anda curto (muuito curto), então a saída é blogar. Afinal, seria isso o que eu faria lá, não é mesmo? Falar e falar até desabafar e raciocinar sobre o assunto.
Pronto, falei. Agora é só esperar o micro-corte cicatrizar. E seguir adiante. Obrigada pela atenção, se você aguentou minha choradeira até aqui. Se quiser me dizer que passa pelo mesmo, faça isso, pelo menos não me sentirei sozinha. Mas se achar que é só besteira, pode dizer também, eu devo estar merecendo escutar.
Uma boa noite (ou bom dia ou boa tarde) para você, caríssimo leitor. Até a próxima. Espero que esteja mais animadinha e fale sobre algo menos pessoal e mais interessante. No momento esse blog serviu ao meu propósito self-self. Mas se ajudou a você a se sentir mais equilibrado, melhor ainda, por que ajudou a mais uma pessoa além de mim...