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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Universidade Pública x Privada: nem tudo é verdade...

Sou professora e pesquisadora de uma faculdade particular nos últimos sete anos. Me formei na Escola Técnica Federal de Química do RJ (atual IFRJ), e depois na UFRJ (da graduação em Farmácia até o doutorado, emendando lá mesmo um estágio de pós doutorado por mais dois anos). Sendo assim, passei dos 15 aos 31 anos imersa na atmosfera de entidades públicas de ensino. Me mudei do Rio para Salvador em 2004 para ser professora e em 2006 retomei minhas atividades de pesquisadora na Fiocruz de Salvador e no ano seguinte na faculdade onde trabalho, como professora do Mestrado de lá, criado nesse ano. Apesar de todos os problemas que todos os empregos privados, sou muito feliz no meu trabalho e aprendi muito nessa nova realidade.
Uma das coisas que tenho aprendido é que existe muito preconceito quanto às entidades particulares de ensino superior. Um dos mais frequentes é de que não existe faculdade particular boa (exclua-se daí a PUC e universidades católicas em geral, e a FGV). A outra é que essa baixa qualidade é porque os profissionais que ali trabalham são ruins, pois são "mercenários", que só se preocupam com dinheiro e não ligam para a formação dos alunos. E finalmente, de que é praticamente inexistente a pesquisa nas entidades privadas de ensino.
A outra que aprendi diz respeito às entidades públicas de ensino superior. Também há preconceito, mas ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, nem sempre preconceito é uma coisa ruim; só significa que as pessoas atribuem um conceito (como um fato estabelecido) sobre algo ou alguém que não conhecem verdadeiramente. E nesse caso, o que ocorre é justamente o inverso do que se pensa das particulares: são sempre locais de excelência em ensino e pesquisa, e que seus profissionais são pessoas de alto gabarito, pois foram selecionadas por concurso público, e que além disso, tem um compromisso maior com a sociedade, pois no final das contas, é essa quem paga seus salários.
Pois bem, não posso ser generalista, mas de acordo com minha realidade, posso afirmar que nem tudo é verdade. No que se refere às entidades públicas e privadas que eu conheço, esses preconceitos não se aplicam, pelo menos não em sua maioria.
Onde trabalho conheço profissionais de alto gabarito, que é verdade, na sua maioria se formou em universidades públicas daqui e acolá, mas que optaram por trabalhar em entidades particulares porque não quiseram ou não puderam se dedicar a concursos públicos, coisa que eu entendo bem, pois já passei por quatro deles (todos frustrantes) e meu marido por outros seis (sendo que no último ele se tornou professor da UFBA). Ele, como não é dedicação exclusiva, continua a trabalhar na mesma particular que eu, porém teve que reduzir sua carga horária.
Eu e ele, depois de muita luta, conseguimos nos últimos quatro anos estabelecer nossas linhas de pesquisa, temos nosso laboratório de pesquisa e começamos a colher os frutos desse esforço através de publicações, patentes e dissertações de mestrado e monografias de graduação defendidas. E nosso currículos (podem ser vistos na Plataforma Lattes) vão muito bem obrigado.
Portanto, acho que exemplos valem mais que mil palavras. E a Plataforma Lattes foi uma criação excelente do CNPq que não deixa mais ninguém fingir aquilo que não é. É só olhar.
E antes de ter uma visão pré-concebida, por essa ou aquela instituição, é sempre bom ver QUEM está lá, e o que estão fazendo. Depois tire suas próprias conclusões. 
Boa noite!

3 comentários:

  1. Astria,

    concordo com vc sobre o que escreveu. Ser pública ou particular não importa, hj em dia vivemos num mundo de fácil acesso à comunicação, e com isso quem quer se especializar, saber mais, tem aonde procurar. O problema todo, seja na pública ou na particular, é a dedicação, sincera e honesta, dos professores envolvidos, e também a dos alunos. É um feedback entre os dois.

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  2. O problema maior, Ricardo, está naquilo que as pessoas mais almejam numa profissão: estabilidade. Em países educados, isso funciona bem; em países "em desenvolvimento", como é o nosso, estabilidade quase sempre significa acomodação e, o que é pior, cabide de emprego. O sujeito "se deita no berço esplêndido" do emprego público, faz o mínimo possível, e mal feito, pq ninguém o ameaça com demissão, e usa o tempo que era para estar no serviço público, para se dedicar a outras atividades. E aí, dá naquilo que a gente já conhece, nossa triste realidade...

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  3. Olá,doutora não concordo com esse artigo que foi postado pela senhora.Acredito que o preconceito existe e deveria ser quebrado pelo próprio MEC.Professores,especialistas,mestres e doutores precisam ser respeitados indeferentemente da sua formação seja ela numa universidade pública ou particular.Posso perceber que a senhora apoiou toda uma política voltada para o ensino público e não para o particular.Obrigado pela oportunidade e seja sempre feliz.

    Alessandro
    (Professor)

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