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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Tecnologia é tudo? Tudo de bom? Tudo de ruim?

Televisão é nociva à saúde mental?
Quantos horas de TV por dia são suficientes pra te alienar do mundo?
Essas questões foram muito debatidas na época em que EU era criança (décadas de 70-80), pois foi justamente quando houve um maior acesso da população em geral à TV. Até a geração de minha mãe, TV era algo raro, encontrado somente em famílias mais abastadas. Quando ela entrou pra faculdade talvez tenha sido o primeiro momento em que sua casa teve TV. Quando eu tinha 5 anos, tínhamos uma TV preto e branco, com a caixa de madeira (não lembro a marca). Era parecida com essa aí abaixo:

Nossa primeira TV colorida foi comprada (uma Philco) quando eu tinha uns 8 anos. E nós éramos classe média, como hoje continuamos a ser. Essa já foi uma revolução. O problema dela era o botão de mudar o canal, que logo ficava frouxo, mas a gente nem reclamava porque minha tia Gracy tinha uma igual a nossa que a imagem ficou toda verde.

E nesse mesmo ano foi que eu vi o primeiro vídeo-cassete de perto na minha vida, que foi um que o marido de minha tia, que era gerente de banco e ganhava super bem na época, comprou de SEGUNDA mão. Me lembro até hoje que ele trouxe uma fita virgem e gravou um desenho que nós estávamos assistindo na Rede Manchete, no programa da Xuxa e passou de novo pra gente ver. UAU! Foi uma das coisas mais incríveis que eu já vi na minha vida! Revolução total! A partir de então eu poderia gravar programas em um canal enquanto assistia outro ao mesmo tempo, ou até deixar gravando algo enquanto estivesse fora de casa. Que fantástico!
Anos depois outras questões são levantadas: computador e particularmente, internet, são nocivos à saúde mental? Quantos horas de internet por dia são suficientes pra te alienar do mundo?
Quando eu entrei pra faculdade, em 1993, logo comecei a fazer estágio de Iniciação Científica e aí, no laboratório, foi quando tive meu primeiro contato direto com um computador pessoal. Meu primo Gustavo já tivera antes um, acho que era um Apple, quando éramos adolescentes, funcionava com um gravador de fita-cassete e era ligado na televisão. Me lembro um dia que ele me mostrou como funcionava um programa de desenho e você tinha que escrever dezenas de linhas de PROGRAMAÇÃO para fazer uma linha. Depois outra dezena pra mudar de cor. Confesso que não achei a menor graça, achava preferível desenhar a mão num papel. Na UFRJ já existiam computadores muuuito mais modernos; na biblioteca só tinham XPs, mas no meu laboratório tinha um 386 e no ano seguinte compraram um 486! Uma revolução! Lá tinha um XP também, com tela escrita em verde, que só o secretário usava no final, como uma máquina de escrever (que também tinha uma lá, elétrica).

Nesse ano de 1993 tinha no laboratório dois estudantes de engenharia, sendo que uma era só pra cuidar dessa parte de informática. E foi ele (Ricardo Careca; Careca era só apelido) que me apresentou à internet. Um dia ele chegou pra mim e perguntou se eu não ia abrir a minha "conta". Eu perguntei: " No banco?" e ele me disse : " Não, na internet!". Eu disse a ele que não, não sabia nem o que era isso, e que isso não teria nenhuma utilidade pra mim. Ele disse que eu poderia ter um "e-mail" e eu fiquei na mesma, também não sabia o que era e ele me explicou que eu podia escrever mensagens pros meus amigos. " Que amigos? Ninguém que eu conheço tem e-mail!". Como ele realmente estava disposto a me convencer, abriu o programa Netscape Navigator no 486 e apertou o "Net Search", dizendo: "Me diz aí alguma coisa que você queira saber." e como eu não dissesse nada de cara, ele escreveu "Man in the moon" e logo apareceram várias coisas escritas, e ele me mostrou que vc podia clicar naquelas frases coloridas e elas te levavam para as "páginas" da internet e em questão de minutos (a rede era muuuito lerda) ele abriu algumas fotos do homem na Lua pra eu ver.
Pirei.
Nunca tinha visto algo assim, parecia mágica, comecei a pedir, quero ver isso e aquilo e ficamos ali buscando coisas na rede. Saí como uma louca do meu laboratório e fui até o laboratório vizinho onde trabalhava meu marido, que era meu namorado na época, e entrei exultante, dizendo:
"Vitor, você PRECISA abrir uma conta na internet!", no que ele, desdenhoso, disse "Pra quê?" e eu respondi:
"Um mundo novo se abrirá pra você!!!".
Até hoje ele me sacaneia por causa disso, mas eu pergunto: eu estava errada? O mundo novo não se abriu para todos? assim como a TV foi na sua época, o PC e a internet têm revolucionado o mundo em todos os aspectos, os bons e ruins, e para variar, as pessoas gostam de exaltar só o de ruim que as coisas novas trazem. Ruim é o que as pessoas fazem com as coisas e não o contrário.

2 comentários:

  1. O computador do gustavo era um XP. Os do laboratório da UFRJ eram XTs. Essa história é de 1994. Depois eu fiquei sabendo que nós fomos pioneiros da interteia no Brasil, já que foi nesse ano que a mesma começou a funcionar no país. Nós tira é onda!

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  2. Só resta saber o que mais vem por aí. E será, com certeza, assustador para a geração mais antiga, porque "o novo" costuma dar muito medo para um grande número de pessoas. Nenhuma novidade nisso, mas não se pode simplesmente criticar, ou recusar. O que mata o medo é conhecer.
    Só para esclarecer, minha primeira televisão foi aos quinze anos, antes, portanto, de eu entrar na faculdade.

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